O Jardim Majorelle foi um dos lugares mais lindos que visitei em Marrakech, como uma grande FAN do estilista francês Yves Saint Laurent eu não poderia deixar de conhecer, e confesso que foi a melhor parte da minha viagem.
O Jardim Majorelle é um ótimo refúgio depois de agitados passeios em Marrakech, o local é de paz e harmonia com a natureza.
Ficamos em meio a plantas típicas do país, balanço de folhas ao ritmo da brisa refrescante, cantos de pássaros, água que corre por fontes.
Caminhos cheios de curvas nos conduzem pelo jardim, fazendo-nos descobrir esses encantos que aguçam nossos sentidos. Vale a pena uma visita com mais tempo, pois o turista pode sentar-se em um banco e sentir profundamente tudo isso. Saímos de lá com as energias recarregadas pois a vibe do lugar é super positiva
Andamos pelo o jardim todo e de repente, uma construção em colorido vivo chama a atenção. Trata-se do Museu Berbere, que mostra vários artigos desse povo primitivo.
Os berberes são encontrados até hoje em Marrocos. Você certamente vai conhecê-los durante a sua viagem.
O edifício do museu respira um charme mouro, com toque de Art Deco. O azul intenso veio de uma inspiração do artista Jacques Majorelle após visitas às Montanhas Atlas.
UM POUCO DA HISTORIA
O pintor francês JACQUES MAJORELLE (nascido em Nancy em 1886) mudou-se para Marrocos em 1917. Apaixonado por Marrakech, decidiu morar ali.
Em 1923, comprou um lote de 4 acres junto a um palmeiral. Enquanto expandia a área, até chegar a quase 10 acres, construiu uma casa em estilo mouro e promoveu workshops em uma outra construção criada em estilo berbere. Além de pintura, dedicou-se a artes decorativas. Produziu peças artesanais, bens de couro fino, móveis de madeira. Como pintor, conseguiu reconhecimento na época, com exposições de telas em Marrocos e na França.
Em 1931, Majorelle contratou um arquiteto para projetar uma villa para ele no local.
Com o tempo, ele sentiu que faltava algo ali. Apaixonado por botânica, criou um jardim, que logo ganhou fama, apesar de não ser aberto ao público. Durante quase 40 anos, Majorelle continuou a melhorar o jardim incansavelmente, desejando o que descrevia como “catedral de formatos e cores”.
Depois de tanto esforço, essa bela história perdeu um pouco o colorido. A manutenção do enorme jardim trouxe custos cada vez maiores. Em 1947, Majorelle viu-se obrigado a abrir o jardim ao público, cobrando um valor pelas visitas. Em 1956, sentiu um outro golpe quando foi obrigado a dividir a área com a esposa durante o divórcio.
Majorelle sentiu-se melhor com a outra mulher com quem casou, logo após esse divórcio. No entanto, a felicidade do casal durou pouco. Ele fora vítima de acidente de carro em 1955. Sucessivas operações e, no fim, a amputação de uma perna acabaram com as economias do artista. Em 1961, ele foi forçado a vender o jardim e as casas. Depois de outro acidente automobilístico, transferiu-se para Paris, onde morreu em 1962.
Yves Saint Laurent
Afinal, como o estilista francês entra nessa história?
Em 1966, o destino do Jardim Majorelle ligou-se intimamente a Yves Saint Laurent e ao companheiro dele, Pierre Bergé.
Naquele ano, eles estiveram pela primeira vez em Marrakech e descobriram o jardim. Atraídos pelo local, passaram a frequentá-lo todos os dias. O jardim estava aberto ao público, mas quase sempre vazio, sem muitos cuidados. Um dia, o casal ouviu que o jardim seria vendido a um grupo que destruiria tudo aquilo para construir um hotel. Eles dedicaram-se a impedir esse destino.
Finalmente, Saint Laurent e Bergé conseguiram comprar a propriedade em 1980. Decidiram morar na casa local e começaram trabalhos de revitalização do jardim, mantendo a visão do criador Jacques Majorelle (bela atitude!). O estúdio do pintor foi transformado em um museu dedicado à cultura berbere. Várias peças do museu são da coleção pessoal de Saint Laurent e Bergé.
Yves Saint Laurent costumava dizer que, graças ao Jardim Majorelle, tinha a seu alcance uma fonte ilimitada de inspiração.
As cinzas de Yves Saint Laurent
Saint Laurent morreu em 2008, vítima de um tumor cerebral. Mais uma vez, Marrakech testemunhou o amor dele pelo local. As cinzas da cremação foram espalhadas em uma parte do jardim. Depois, ergueu-se ali o MEMORIAL YVES SAINT LAURENT, com uma coluna romana. Esse é o ponto mais procurado pelos turistas para contemplar e fotografar.
Depois da morte do amigo (não era mais companheiro, mas a amizade permanecia), Bergé doou toda a área à fundação em Paris que traz o nome dos dois.